sábado, 23 de maio de 2009

Morte em vida




Por Raquel de Ávila

Mais um dia comum, luto com a mesmice e bato em mim.
Sangro e amoleço meu corpo.
Oro, cheiro, crio, sorrio e choro.

Mais um dia...

Lugar impessoal, sem viço e sem magia.
Falas que entram por ouvidos vazios,
Que não ressoam e nem silenciam.

Mais um...

Dia que passa despercebido, sem luz e sem sombra.
Sem graça e sem poesia.
Sem mãos que acariciam e sem voz.

Mais...
Um dia comum que brinca sem pedir licença,
Que ignora a presença do nada.
O nada que traduz à vida a sua essência.

Mais um dia comum...

Reflexo de vida não vivida,
De calor não sentido, de frio consumido e,
De promessa não cumprida.

Mais um dia...

De um corpo que não sabe o caminho,
Que não se mostra no espelho,
Que conversa sozinho.

Mais um...

Sussurrar de pés que rastejam e que formam pegadas inexatas,
Labirintos sem saídas,
Gritos perturbados e cenas inacabadas.

Mais...

Um dia comum...

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